Reportagem do 'Estado de São Paulo', de 1961, narra a abertura do Teatro Oficina |
por Mariana Caldas - MTV Brasil
Zé Celso Martinez Corrêa sempre quis transformar a área ao lado do seu Teatro Oficina em uma arena, um "teatro estádio", com ares gregos. No entanto, nunca conseguiu entrar em um acordo com Silvio Santos, que queria construir um shopping no mesmo lugar. Mas depois do projeto de tombamento do edifício e dos seus arredores, feito por Lina Boa Bardi, Silvio aceitou trocar de terreno e de arqui-inimigos os dois passaram a bons amigos, que se falam ao telefone, conversam.
Agora, Zé Celso só precisa de uma forcinha do Ministério da Cultura ou outra esfera pública para tornar seu sonho realidade. Enquanto isso, ele comanda os festejos dos 50 anos do Teatro Oficina, com a peça 'Macumba Antropófaga', que estreia no dia 16 de agosto, na qual a encenação vai além dos limites do teatro e invade as ruas para uma imensa pajelança.
A montagem, que já foi vista em Inhotim, em Minas Gerais, e na última edição da Festa Literária Internacional de Paraty, traz de volta o espírito do manifesto oswaldiano, reafirmando e relembrando toda a influência do modernista na trupe, desde a estreia de 'O Rei da Vela', em 1967. "Existem para nós claramente dois momentos: pré e pós O Rei da Vela", afirmou Zé Celso, em entrevista ao jornal 'O Estado de São Paulo'.
Quase 44 anos depois, os atores vão convidar sua plateia para brindar toda a audácia de Oswald. Em cortejo, devem percorrer as ruas do Bexiga, entoar o Mandu-Çarará de Villa Lobos, encontrar Pagu, Carlos Gomes e Dom Pedro I. Ainda vão parar em frente ao Teatro Brasileiro de Comédia, onde invocarão o espírito de Cacilda Becker, que logo se transformará em Tarsila do Amaral. Por fim, seguem até a antiga casa do modernista, na rua Ricardo Batista.
Oswald, de fato, faz parte da história do Oficina. Desde que ele chegou, quebrando paradigmas, inaugurando uma nova visão de Brasil com um teatro anárquico descrente do racionalismo e do realismo, em uma audácia cênica nunca vista, o trabalho daquela trupe nunca mais foi o mesmo. A antropofagia estava em todos os textos europeus e norte-americanos que foram montados desde então, travestidos por um olhar autoral e absolutamente brasileiro. "Todas as ideias de que falamos hoje surgem quando a gente monta Oswald. A ideia de um teatro para as multidões. A noção de que o teatro não é igual à vida. O teatro é mais vida”, conclui Zé Celso. Via da longa ao Oficina e que venham mais 50 anos.
MACUMBA ANTROPÓFAGA
Teatro Oficina
R. Jaceguai, 520, tel. 3106-2818.
Estreia 16/8, às 21h. A partir do dia 20, sáb. e dom., às 16h. R$ 50.
Teatro Oficina
R. Jaceguai, 520, tel. 3106-2818.
Estreia 16/8, às 21h. A partir do dia 20, sáb. e dom., às 16h. R$ 50.
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