Ela cresceu nas ruas de Xerém, entre giletadas e apedrejamentos, e descobriu na escrita sua verdadeira vocação. Ao criar um site há três anos, virou um fenômeno na internet e hoje ganha a vida como blogueira e DJ.
Katylene Beezmarcky, o travesti criado por Daniel Carvalho, de 23 anos, tem na próxima semana mais um prova de seu sucesso virtual: um programa próprio na MTV. “A internet é um bom palco para o humor e novos apresentadores. A MTV está aproveitando bem isso, é um processo natural”, acredita Carvalho, em entrevista por telefone.
“Katylene TV” terá 15 minutos e estreia nesta segunda-feira (16), à 0h15. No formato de um telejornal, ele trará uma animação, a própria Katylene, comentando as notícias do mundo das (pseudo, sub) celebridades com a mesma linguagem do blog, que abusa de gírias do mundo GLS.
O site da Katylene nasceu há três anos e, no início, era escrito a quatro mãos, ao lado da amiga Mariana Inbar. A página foi um sucesso imediato e chegava a ter até dez atualizações por dia – geralmente comentários ácidos sobre as fotos de famosos.
O site também colocava apelidos em atrizes como Carolina Dieckmann e a cantora Preta Gil, o que fez o Katylene.com sair do ar após os autores ouvirem boatos sobre processos judiciais. Um ano depois a personagem retornou à web, mais irônica e divertida, mas menos maldosa. E apenas com Carvalho atrás do monitor.
“As pessoas gostam de ver os defeitos dos famosos e se interessam quando tiro o pedestal e humanizo a celebridade”, palpita.
O site, segundo Carvalho, registra 26 mil visitantes únicos por dia. O sucesso fez do criador e criatura conhecidos no mundo fashionista. De cara limpa, mas utilizando o nome Katylene, ele hoje trabalha como DJ e é sócio de uma das festas mais concorridas de São Paulo, a Balada Mixta.
'Fator tosquice'
“Katylene TV” é uma produção independente, da Carambolas, que inicialmente foi desenvolvido para o Multishow. Formado em moda, Carvalho assina o roteiro e palpita na direção. “Tô aprendendo a fazer TV na prática. Está sendo divertido”, comenta.
A produção é pobre: a personagem, cujo rosto é uma foto da mãe do autor, só abre a boca e mexe os dedos das mãos como um robô de parque de diversões. “Os dedinhos são maravilhosos”, ri Carvalho. “O fator tosquice é um fator bom”, defende.
O programa tem as principais seções do blog, como a “Umidificação do dya”, dedicada a exibir o “bofe” do momento. “Traça ou repassa?”, em que Katylene pega um vídeo do YouTube de algum garoto exibindo seu corpo também estará presente, mas não deve continuar. “Ficou sem graça na TV. O engraçado [da seção] são os comentários dos leitores”, opina.
Novos quadros foram criados. Um deles faz homenagem ao antigo programa “Data clipe” da MTV. Mas, em vez dos videoclipes oficiais, Katy esculhamba as paródias amadoras desses clipes – com seu linguajar de "beesha phyna”, claro.
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